domingo, 9 de junho de 2013

História do Bispado de São Sebastião e do Bispado de Mariana

Até os últimos decênios do século XVII, existiam na colônia apenas a diocese de Salvador e a prelazia do Rio de Janeiro, ambas sufragâneas da distante metrópole. 

A história da Igreja nas Minas remontam ao final do século XVII com a celebração da primeira missa realizada em Ribeirão do Carmo . As primeiras capelas, segundo Charles Boxer, "eram de pau-a-pique ou de caniçada e reboque, embora fossem, de costume as primeiras construções agraciadas com telhados de telhas." p. 73.


Além dos trabalhos pastorais e evangelizadores, os prelados tiveram, com certa freqüência, de enfrentar conflitos contra colonos insubmissos, autoridades prepotentes e um clero despreparado e 

Com a posse  de Dom Frei Manoel da Cruz, cisterciense, inicia-se a história do Bispado de Mariana em 2 de fevereiro de 1748. Mariana se tornara, dentro do contexto brasileiro, a sexta diocese, depois do bispado da Bahia (1555), Rio de Janeiro (1676), Olinda (1676), Maranhão (1677) e Pará (1719). 


Durante o período colonial, não foram instalados Tribunais do Santo Ofício no Brasil, à diferença da América Espanhola, onde funcionaram no México e Lima fundados em 1569 e, mais tarde,em Cartagena das Índias (atual Colômbia) em 1610. 

Caio César Boschi e Fernando Torres Londoño defendem a ideia de que o sínodo diocesano em Salvador dividiu a história da Igreja na colônia em duas fases distintas. A primeira perpassa todo o período de conquista e colonização onde a Igreja demonstra certa fragilidade. A segunda inicia-se com a elaboração das Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia quando os prelados se fazem presentes nos sertões por meio das visitações eclesiásticas, da criação de paróquias e novas dioceses. 


De difuso, o combate aos feiticeiros e práticas mágicas em geral tornou-se mais incisivo na medida que avançou o episcopado de Frei Guadalupe. Registre-se que a punição mais rigorosa aconteceu sob sua administração. 

A complexa rede de comunicação diocesana e sobretudo a preparação das freguesias para recepcionar as visitações pastorais lograram lentamente durante seu governo episcopal. 

Todavia os ecos foram ainda muito mais amplos, envolvendo não só sacerdotes das mais distantes freguesias, como a cooperação da Coroa e de diferentes estratos da sociedade colonial sem os quais os visitadores não lograriam sucesso. Quando examinamos estes documentos, percebemos neles uma força regular, que persistiu por toda a centúria, na missão de reafirmar a autoridade do Bispado sobre párocos e fregueses dispersos por arraiais e vilas em todo território minerador.

Com o aumento de missionários e John Thorton cita exemplos de 

A criação da diocese do Congo e Angola, em 1596, desmembrada da diocese de São Tomé foi, em grande
parte, junto com o envio de missionários para territórios africanos, responsável pelo aumento no número de denúncias contra aqueles que dominavam as artes mágicas.GABRIEL, Manuel Nunes. Angola — Cinco séculos de cristianismo. Queluz: Literal,  1978. p. 84.

Sacerdotes, curandeiros, mezinheiros, adivinhos e feiticeiros foram indistintamente perseguidos pela Igreja Católica. "Antes da chegada dos europeus, feiticeiros eram condenados à morte. Mas em virtude da produção compulsória de cativos para atender as demanda do tráfico negreiro, ocorreu a comutação da pena de morte pela condenação à escravidão e degredo para as Américas." SANTOS, Vanicléia Silva. As bolsas de mandinga no espaço atlântico: século XVIII. São Paulo: 2008. (Tese apresentada ao Departamento de História da Universidade de São Paulo - USP) p. 133.

O Padre Baltazar Barreira indica que aquele que administra peçonhas, confecciona malefícios e é reconhecido como feiticeiro pode, com título de justiça, ser escravizado. Esta forma de legitimar a escravidão aplica-se também aos parentes de feiticeiros reconhecidos que são igualmente levados ao cativeiro.


Circunscrevendo as comarcas, os tentáculos do Santo Ofício e dos Bispados envolveram a região das Minas, aprisionando em suas malhas feiticeiros, curandeiros, benzedores e adivinhos. As visitações eclesiásticas alcançaram os lugares mais recônditos das Minas e, por meio das denúncias, revelaram a presença difusa dos mágicos coloniais, espalhados por tantas paragens,arraiais e vilas.


A descompostura do Padre Perna Gorda, por exemplo, que mantinha entre seu plantel um notório feiticeiro.



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