Introdução sobre o Caminho Novo
O início de nossa jornada nos leva a um dos mais notáveis
empreendimentos do Brasil colonial: a implantação de uma estrada permanente indo do
interior da Capitania das Minas Gerais, berço do ouro e das pedras preciosas, até o porto do Rio de
Janeiro, de onde estas riquezas eram embarcadas para Lisboa.
- Em 1704, Garcia Rodrigues Paes, com saúde e fortuna arrasados por anos de trabalho extenuante, passou a tarefa de conclusão da nova rota para seu cunhado Domingos Rodrigues da Fonseca.
- Somente em 1709 o Caminho Novo passou a ser utilizado regularmente por tropeiros, encurtando o tempo de viagem de 100 para 25 dias. Nesta época, o Caminho do Ouro passou a ser conhecido como "Caminho Velho".
- Em 1725, Bernardo Soares Proença criou uma variante passando pelo Alto da Serra, próximo onde hoje fica Petrópolis, ao invés de ir por Xerém e Pati do Alferes. Esta mudança encurtou a jornada para "apenas" 21 dias.
- Bernardo Proença recebeu pelo seu trabalho uma sesmaria no Alto da Serra, onde hoje está quase toda a cidade de Petrópolis.
- Proença também construiu o Porto da Estrela onde hoje é a Praia de Mauá nos fundos da Bahia da Guanabara, que se tornou logo uma importante vila e depósito de mercadorias, hoje em ruínas, mas que ainda pode ser visitado.
De acordo com o Jesuíta Antonil, após a abertura do caminho novo era possível percorrer o trecho de Vila Rica até o Rio de Janeiro “em dez até doze dias, indo escoteiro quem for
por ele.” (ANTONIL, 1997. p. 186) O relato do atencioso inaciano me parece um tanto quanto otimista. É possível que com trocas de animais regulares e bom tempo (seco) o caminho pudesse ser percorrido em doze dias. No entanto, as chuvas de Novembro até Março tornavam todo o processo lento e arrastado.
John Mawe nos informa que, para percorrer os 910 quilômetros que separavam Vila do Príncipe (atual Serro) até o Rio de Janeiro, três cavaleiros levaram exatos 28 dias (MAWE, 1978. p. 107).
Porto Estrela - Rugendas |
O Porto da Estrela era o início da variante do Caminho Novo que subia
a Serra do Mar atravessando a exuberante Serra Velha, a partir da Raiz da Serra.
Foi no início dessa subida que o Barão de Langsdorff construiu sua Fazenda da Mandioca, que era
um verdadeiro centro de pesquisa russo-alemão encarregado de “descobrir” o
Brasil e investigar a natureza tropical.
Chegando ao Alto da Serra, a variante de Proença ia para onde hoje é
a Rodoviária de Petrópolis.
Dali os tropeiros seguiam então para as Minas Gerais pelas ruas
Silva Jardim, Quissamã, Correias e Secretário, até encontrar o Caminho
Novo em Paraíba do Sul.
Até hoje existe
uma Estrada Mineira, em Correias e um bairro Caminho Novo com a rua Caminho
Novo, em Barbacena, antigos trechos da histórica trilha. Segundo o
Registro de Paraíba do Sul, um tipo do nosso pedágio de hoje, em 1824, a
cada dia, indo e vindo do interior, passavam em média pelo Caminho Novo 143
mulas dos tropeiros e 302 pessoas.
Por ela também passaram os importantes
naturalistas-viajantes dos anos 1800 como Spiz, von Martius, Saint Hilaire,
Walsh, Freireys e muitos outros que, como o Barão de Langsdorff, queriam
conhecer o novo país para informar os seus governos.
Em 9 de abril de 1781, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi
nomeado como Comandante do Destacamento do Caminho Novo com o objetivo de
construir uma variante no caminho de Vila Rica para o Rio de Janeiro. Em 26
de junho de 1781, Tiradentes iniciou as picadas com a pequena tropa e mais
oito escravos pertencentes ao Tenente Coronel Manoel do Vale. Após alguns
meses de muitas dificuldades, chegaram ao local onde foi instalado o Quartel
de Porto de Meneses onde Tiradentes permaneceu destacado como comandante da
tropa militar de guarda do novo caminho.
A Estrada Real é um ótimo tema para pesquisa! É uma excelente união de Minas Gerais com História.
ResponderExcluirFica aqui uma sugestão: os quatro caminhos (Diamantes, Sabarabuçu, Velho e Novo) merecem uma postagem cada, com muitas informações e belas imagens.
Parabéns por esta postagem, muito bem feita!