domingo, 18 de agosto de 2013

O corpus documental que utilizamos para confeccionar o perfil sociológico dos mágicos das Minas setecentistas consiste nos 51 livros das visitações eclesiásticas divididos entre livros de denúncia e formação de culpa entre 1721 e 1802. As práticas mágicas, por sua vez, se subdividem em curas, benzeduras, adivinhação, poderes extraordinários, feitiçaria e filtros de amor.
É importante ressaltar que a característica das Devassas Eclesiásticas e sua lógica de funcionamento permitem  perscrutar os confins da capitania mineradora. Os bispos e visitadores percorreram não só as principais vias e vilas mais importantes como também os arraiais mais distantes da comarca do Serro do Frio. Com efeito, o único levantamento exaustivo acerca das práticas mágicas nas Minas foi feito recentemente por Giulliano contemplando o período de atuação do Bispado de Mariana entre os anos de 1748 e 1800. Além disso, é preciso salientar que, apesar de varrerem toda a capitania, algumas localidades foram visitadas em intervalos de 2, 3 até 5 ou mais anos. Entre uma visitação e outra alguns mágicos foram denunciados para clérigos, vigários da vara, familiares e autoridades régias que, em seu devido tempo, encaminharam essas denúncias para o comissário do Santo Ofício mais próximo. Todas essas denúncias acabaram sendo enviadas para a Inquisição de Lisboa e estão alocadas em um mesmo fundo: os Cadernos do Promotor.
Com todas essas reservas, vamos agora analisar a amostragem, na tentativa de compor um quadro sociológico dos mágicos da capitania do ouro.

NOTA: analisando as práticas mágicas no século XVI Francisco Bethencourt encontrou 72% de mulheres.

O comportamento padrão diante das mesas de visitação consiste em multiplicar denúncias e transferir responsabilidades indicando para as autoridades as informações necessárias para aliviar a própria culpa. No entanto, este não foi o comportamento de

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