sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Introdução à mitologia

As divindades grego-romanas desapareceram. À exceção de alguns rituais neo-pagãos isolados, nenhum homem cultua mais qualquer divindade do panteão antigo. Zeus, Hades, Afrodite e vários outros deuses são agora objetos da História, da Antropologia e não mais da teologia. Entretanto, o fascínio que ainda exercem sobre a imaginação humana continua a despertar a curiosidade .

Neste trabalho, procuro dissertar sobre as mais fascinantes histórias das divindades clássicas, sem perder de vista o rigor histórico sem, contudo, deixar limitar-me pela estreiteza e inacessibilidade da linguagem acadêmica.

Para compreendermos a civilização grego-romana, e, por consequência, nossa própria civilização, é preciso penetrar na essência dos mitos.

Os gregos definiam aos outros povos como bárbaros. Acreditavam que a Grécia era o centro da Terra e que o Monte Olímpo, na Tessália, era a morada dos deuses. Há um deus para cada valor, para cada propriedade ou capacidade: Zeus, o deus dos céus e dos raios; Hades, deus do mundo dos mortos; Afrodite, deusa da beleza; Apolo deus sol e da razão; Dionísio, Deus do vinho e vários outros deuses que inspiravam e permeavam o cotidiano do homem grego. 

Nutria-se uma estreita ligação dos deuses com a vida cotidiana alimentando, consecutivamente, uma profunda união com a natureza, propiciando uma existência equilibrada e harmoniosa com o todo. 



Em nossos dias, quando alguém se apaixona por uma pessoa errada, culpa-se uma entidade: o Cupido. Além disso, ao receber um presente que trás mais prejuízos do que prazer usa-se a expressão: "Presente de Grego".

A mitologia grega trás, sob muitos aspectos, manifestações interessantes de sua própria civilização: o conceito de honra, guerra, princípios éticos e até instituições que nortearam a vida cívica em diversas cidades-estado podem ser facilmente interpretados sob a lente dos deuses. Com efeito, os mitos e heróis presentes na Ilíada e na Odisséia de Homero ou Teogonia de Hesíodo são, concomitantemente, exemplos a serem seguidos e espelhos dos valores helênicos.

O historiador Jean Pierre Vernant, por exemplo, ressalta que em Homero é possível aprender a trabalhar, navegar, guerrear e até ter uma boa morte. 

Para Nietzsche, em suma, restava ao homem homérico o anseio pela existência. Resultou deste anseio a própria arte trágica: a criação dos deuses e das lendas fantásticas que definiam o homem grego. O ato artístico, portanto, correspondia para o grego homérico à expansão da vida.



Sempre que leciono temas da antiguidade clássica para meus alunos, peço para que reflitam como seria aprender voluntariamente em meio a estátuas de deuses, fontes, jardins e colunas jônicas ao invés das caquéticas escolas modernas repletas de argamassa, escuridão, falta de acústica e predestinadas a lembrar mais um presídio do que um universo de saber.

Realmente a atualidade dos mitos e sua capacidade benéfica é inquestionável. O pensamento mítico foi capaz de inspirar feitos grandiosos, referências de beleza e arte, mortes gloriosas e a defesa de valores. Imagine, por exemplo, ter Afrodite como referência de beleza ao invés de modelos anorexias. Imagine ter como horizonte palpável o refinamento da música de Apolo ao invés de Mister Catra. 

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